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Mostrando postagens de maio, 2018

[RESENHA] "O aprendiz de herege": A heresia de hoje é a ortodoxia de amanhã

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Finalizei " O aprendiz de herege ", de Ellis Peters (1913-1995). Ao contrário do que afirmei anteriormente aqui , a trama não se refere a saber se um monge suspeito de heresia pode ser enterrado na Abadia. Na verdade o suposto herege seria William de Lythwood , que saíra em peregrinação pela Terra Santa e é informado que ele simpatizara muito com as doutrinas de Orígenes, em oposição à então reinante Teologia Agostiniana, que preconiza a graça de Deus, a eleição eterna e a preterição eterna, abominando a sinergia e o livre-arbítrio. Foi ele que morreu quase na volta para casa, depois de passados sete anos em viagens, e foi trazido pelo seu servo Elave  para ser enterrado na Abadia. Junto com o morto, Elave trouxe uma caixa maciça para ser entregue à Fortunata, sobrinha de criação de William, contendo o seu dote para casamento. A caixa de Fortunata, que não fora aberta ainda em razão da ausência de seu pai de criação, despertou a curiosidade de todo...

[RESENHA] "A boa filha": A Corte julgará o caso Slaughter x Turow

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Todos de pé para a entrada do Excelentíssimo Senhor Juiz deste caso, Sr. Say Yourself . Sou assinante da TAG Inéditos e o primeiro livro recebido foi " A boa filha ", de Karin Slaughter A trama é dupla: os dramas da família de advogados, os Quinn, e o assassinato de duas pessoas numa escola. Nesse thriller há um foco bem maior nas vidas privadas das irmãs advogadas e do pai, mas de uma forma bem crua, bem realista. Quando cenas de Tribunais são ambientadas, os diálogos são muito similares ao cotidiano das salas de audiências, com todo aquele teatro e o jogo de "quem está mais certo?", mas diferente do sistema americano, o brasileiro não permite tantas surpresas em questão de evidências e provas.  Mas isso é o "de menos". Mas por que raios o nome de Scott Turow foi mencionado? Porque ele também ambienta seus romances sobre fatos que necessitarão ser apresentados para julgamento e os protagonistas, ob...

[RESENHA] "Assassinato no Expresso do Oriente": Assassinato assassinado!!!

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"Assassinato no Expresso do Oriente", de Agatha Christie. Concluído . Estive meio sumido deste blog em face a uns problemas de saúde que a família vem passando e  porque estive lendo quatro livros simultaneamente, então este aqui era reservado aos intervalos do almoço, porém outros compromissos no trabalho minimizaram o tempo disponível. Mas enfim, acabei!!! Ao que me parece a série de TV não era tão infiel aos escritos, pois a cena com Poirot colocando todos os suspeitos cara a cara aconteceu neste livro. Resta saber se nos demais também é assim. A trama é inteligente, as ligações entre as personagens só são esclarecidas ao final mesmo, quando o detetive expõe suas conclusões, mas são dadas pistas aos mais atentos (não foi o meu caso neste livro) e, se não é possível desvendar toda a trama, já que alguns detalhes Poirot guarda só para si e o narrador é seu cúmplice, ao menos algumas suspeitas podem ser levantadas. Uma suspei...

Latinos não assassinam sofisticadamente, Agatha??

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" Assassinato no Expresso do Oriente ", de Agatha Christie. Eu já assisti a vários episódios da série " Poirot ", antes de saber que ela derivava dos escritos de Agatha Christie, mas ela não me impressionou, porque tudo sempre acabava com o detetive colocando todos os presentes ao crime a ser elucidado dentro de uma sala ampla e ali ele apresentava motivos para cada um ser o culpado, para depois ir descartando-os até restar apenas o verdadeiro infrator. Muito maçante, embora eu não tenha parâmetros para comparar aos livros. De tudo que li até agora, as entrevistas com os suspeitos foram separadas e individuais, nada a ver com a gincana da série de TV. Contudo, curiosa a conclusão do célebre detetive nessa passagem, na qual explicando que o crime investigado era sutil e bem arquitetado, descartou um suspeito italiano porque o "crime de latinos" era mais rude e primitivos, logo, incompatível com o assassinato ocorrido. Isso é revi...

[RESENHA] "Contos de Grimm": Conto contado... next, please!!!

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" Contos ", de Hans Christian Andersen. Acabamos os Contos. Como eu vinha dizendo, alguns contos insinuam a moral cristã de forma sub-reptícia, sempre tendo uma "moral da história" ao final, contudo alguns parecem não ter o menor sentido no desfecho. Em alguns contos aquele que é mau leva a pior, mas noutros o vigarista é quem se sobressai. Talvez a falta de sentido de alguns deles se dê a partir da minha perspectiva, mas poderia ter algum sentido para os destinatários originais dessa leitura. O que achei curioso é que algumas falas de personagens eram versos rimados  em português , o que me fez pensar se o sentido, quando da tradução, foi preservado. Um dia descobrirei. Pode ser que Andersen tenha optado por seguir essa ótica para mostrar que, muitas vezes, a injustiça acaba vencendo, por mais correto que seja o oponente e isso tira bastante daquele mito de que sempre o cristão vence os agouros do mundo. Muitas vezes não vence. Ocorre q...