[RESENHA] CAIXA DE PÁSSAROS

Caixa de pássaros", de Josh Malerman



Prazo de leitura: de 01/01/2019 até 02/01/2019.


Minha primeira leitura completa do ano de 2019 foi motivada pela hype do lançamento do filme "Bird Box", pela Netflix, que é baseado neste livro de Josh Malerman, jovem autor de sete livros e outras novelas de suspense e terror, que também é cantor na banda The High Strung.

Como na maioria dos casos, este autor tem apenas três livros publicados no Brasil dentre todos os que compõem a sua obra, quais sejam, "Piano Vermelho (Black Mad Wheel)", "Caixa de Pássaros (Bird Box)" e "Uma casa no fundo do lago (A House at the Bottom of a Lake)", porém, dada a repercussão destes, é bem possível que outros títulos acresçam ao catálogo nacional.






O ENREDO

A narrativa é feita em dois tempos da vida de Malorie, a protagonista, focando o seu presente e o momento em que os eventos se iniciaram quatro anos e meio antes. É feita tanto em primeira pessoa como em terceira, quando o narrador explica alguma disposição peculiar dos fatos.

Os eventos se iniciaram na Rússia e chegaram aos EUA quando Malorie descobre estar grávida e o consenso é que alguma coisa que é vista causa surtos psicóticos e impele as pessoas ao suicídio. Por isso todos começam a cobrir janelas e deixarem as portas fechadas.

A retrospectiva e o avanço da estória se complementam para totalizar a história cujo ápice é a jornada pelo rio rumo a um local seguro.

Há consenso de que as criaturas não podem ser encaradas, mas há dúvida sobre elas serem agressivas ou interagirem fisicamente. Também há dúvidas se elas conseguem entrar nas casas protegidas.

Resenhistas levantaram a hipótese de que as criaturas não teriam consciência do que causavam, o que era a tese de Gary, um dos personagens. 

Considerando que uma criatura entrou numa casa após as proteções serem retiradas, subiu as escadas e deixou-se ser vista por Olympia, que enlouqueceu, e depois recuou, isso até pode ser defendido. Do mesmo modo, outra criatura, no rio, aparentemente tentou ajudar Malorie a tirar a venda dos olhos, mas não insistiu e não a forçou a isso. Então realmente elas não queriam machucar, mas machucavam?

Essa é uma pergunta que não terá respostas.

Quanto ao filme, há diversas diferenças em relação ao livro, porque modifica alguns personagens e eventos e apresenta nuances bastante simbólicas e abertas a diversas interpretações exógenas ao enredo em si e outros focos são ampliados, como as pessoas consideradas "imunes", que é bem mais desenvolvido no livro. 

Por exemplo, já disseram que a jornada de Malorie representaria a depressão do estado puerperal, que as cores azuis que ela usava representavam a tristeza (já que "blue" em inglês tanto pode significar "azul", como "tristeza"), outros diziam que as criaturas representariam o vislumbre do infinito, para o qual nossas mentes não estariam preparadas, o que acarretaria a loucura. São enfoques mais afeitos à Psicologia e a Filosofia.

São hipóteses que o autor diversas vezes diz não ter respostas ou confirmações, como visto em entrevista concedida em 2015 aqui.

Resumindo, não é informada a natureza das criaturas o que combinaria com a temática de "não poder olhar": se você não vê, não toca, não sente, não saberá descrever.



CONCLUSÃO


Um bom suspense que merece ser lido. É um thriller, inegavelmente, mas com requintes de suspense na medida em que provoca certa tensão quanto àquilo que acontecia enquanto as vendas estavam nos olhos dos personagens, pois o que eles não viam não era descrito pelo narrador/autor, que tentava nos passar, satisfatoriamente, as sensações que eles teriam ao se depararem com os eventos aos quais se lançavam.

Não é algo sobrenatural, como possivelmente possa ser identificado, também não há claridade quanto às criaturas serem alienígenas, mas nada disso é descartado. Creio que o único descarte possível é a tese de que as criaturas seriam fruto do subconsciente ou do inconsciente coletivo, que é outra tese lida em diversas resenhas, que não se sustenta em suas próprias bases, já que uma ilusão coletiva não mataria milhões de pessoas, exceto se isso fosse o sonho de apenas um, que teria imaginado existirem outras milhões de pessoas que, na verdade, não existiam, algo possível apenas se existisse uma "Matrix pessoal" da protagonista.

Mas enfim, é necessário ler, até para conseguir fazer comparações com as demais obras dele, vez que ele prepara um novo livro para abril de 2019, chamado "Inspection", para o qual as expectativas avolumaram com a adaptação de "Bird Box".

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