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Mostrando postagens de junho, 2018

[RESENHA] Um trópico caliente esse!!

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Que dizer sobre o " Trópico de Câncer " de Henry Miller? Dizer que é obsceno é muito reducionista. Dizer que é uma narrativa não linear é o mais óbvio dos óbvios. Basta abrir o livro e perceber. É um diário alegorizado? Pode ser. É tão revolucionário assim? Agora até pode parecer historinhas de ninar, mas na década de 1920 em pleno fervor moralista norte-americano... imagine! O livro foi escrito quase como se escreve um diário: vários pensamentos soltos, que dentro de seu bloco até é possível identificar uma sucessão temporal linear, mas de um capítulo à outro isso é muito difícil de ser identificado, mais parecendo as lembranças de eventos vividos pelo protagonista do que fatos que se iam desenrolando à medida que lemos.  Não se trata de um romance epistolar , pois ninguém está escrevendo cartas ali, tampouco é dito que se trata realmente de um diário, mas é pela construção dos textos e capítulos que isso pode ser inferido, sem jamais se...

[RESENHA] Borges é nome de gato?

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Esses dias terminei a leitura de " Um gato chamado Borges ", de Vilto Reis. O exemplar foi recebido pela minha assinatura no clube literário "Sabiá Livreiro" e veio autografado pelo autor. A obra conta a estória de um jornalista obrigado pela sua editora a entrevistar "J.M." para o jornal em que trabalha, mesmo não gostando da tarefa. A afinidade entre ambos é zero, o jornalista demonstra claramente que não gosta de estar ali e que aquilo que lhe vai sendo contado é fantasioso ao extremo. Basicamente o João Magalhães, o JM, conta a estória de seu emprego numa rádio em que foi colocado para anunciar os obituários da cidade e nisso ele nota uma coisa curiosa: a maioria das mortes se dava por suicídio e isso o intrigou ao ponto de querer investigar se havia uma ligação entre eles. JM realmente descobre uma pessoa sempre citada naquela cidade e que poderia ser o ponto de convergência entre os suicídios, com o qual ele tem certa semel...

[RESENHA] Agosto, em pleno junho!!

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Enfim, finalizado o "Agosto" , de Rubem Fonseca, lançado em 1990. A edição que li é das mais baratas, comprada em bancas de jornais em uma coleção elaborada pela Folha de São Paulo por R$ 14,90!! Para que pagar mais caro, se a finalidade, que é ler o texto, pode ser atingida com mais economia? Quem me conhece sabe que não me importo com o acabamento das edições que compro, de modo que, ao contrário de alguns canais de booktubers que acompanho, não tenho a menor tara por adquirir títulos repetidos dos livros que tenho apenas porque foi lançada uma edição em capa dura ou com bordas/corte colorido, ou porque enfim seria lançada uma edição ilustrada ou algo do gênero. Procuro apenas por edições que tenham... olha que curioso... o texto ... Isso porque, repito, para mim livros não são itens de decoração para serem exibidos numa estante, mas sim convites ao exaurimento de seu conteúdo. E querendo aliar o apreço pela literatura com os recursos disponíveis, nada mel...

[RESENHA] E não sobrou nenhuma... mas, sim, sobrou um: eu

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Por esses dias terminei a leitura de "E não sobrou nenhum ", de Agatha Christie. Esse livro em seu original, de 1939, se chama " Ten Little Niggers ", o que originou, em português, traduções como " O caso dos dez negrinhos ", mais literal, e outra " O caso dos dez indiozinhos ", uma interpretação um tanto forçada, exceto se considerarmos uma possível ligação com o poema/música que norteia toda a trama, " Ten Little Injuns ", de 1850 (provavelmente) e que se referia, sim, a uma ordem decrescente de dez indiozinhos, mas que foi adaptada pela autora. Depois o livro passou a se chamar " And Then There Were None " quando publicado nos EUA em 1940, do qual deriva a tradução que li. Que livro difícil de acompanhar!!! É quase impossível antever as ligações da trama. A única situação que suspeitava é que, se um dos convidados era o assassino, um deles poderia ter se fingido de morto para então continuar seus assassinat...