[RESENHA] A PARÁBOLA DO SEMEADOR, de Octavia E. Butler
"A PARÁBOLA DO SEMEADOR", de Octavia E. Butler
Morrobranco, 408p.
Leitura: de 20/07/2019 a 26/07/2019

A protagonista, Lauren Oya Olamina, 18 anos, negra, é filha do pastor batista local, reside em Los Angeles num bairro murado (como um loteamento fechado), tendo a igreja como matriz de unificação da comunidade. Os moradores portam armas livremente, os recursos naturais são escassos e constantemente viciados e "os de fora" tentam roubar os moradores. A polícia é corrupta e nada faz se não for paga a taxa deles, mas nem isso garante algo.

Basicamente a previsão de Lauren se realiza, a comunidade é destruída e ela parte em direção ao norte com os poucos sobreviventes que encontra, além de outros que se agregam ao grupo durante a jornada, para tentar implantar sua nova religião. Uma ligação possível com o título poderia ser sugerida ao encarar Lauren como a semeadora da nova religião.
O livro é sutil acerca da situação política, sugerindo uma fragmentação política, além de instigar diversas reflexões filosóficas e religiosas, bem como sobre o racismo, sendo dito pela autora, em entrevista datada de 1999, que o livro retrata um futuro possível, o que o torna uma leitura interessante.
Recentemente fiz um comentário no grupo de leituras de distopias no WhatsApp acerca da visão da religião da Semente da terra, abordada neste livro, que acho pertinente.
Eis o texto: "Pra mim a questão de Deus no livro é bastante clichê: "se Deus é bom não pode haver tristeza para mim, nem dores, nem nada ruim. Mas como tô passando tudo isso ou Deus não existe ou Deus precisa ser repensado"
E é isso que a protagonista faz... Criou um Deus que a deixava confortável com sua ideologia espiritual, amoldando-o àquilo que ela entendia que Deus deveria ser, e seguiu isso.
O problema desse raciocínio é achar que se Deus não for o Papai Noel super perdoador e se Ele deixar a gente se ferrar um pouco, então Ele é menos-Deus, porque não cabe à protagonista a ideia não-instantânea de socorro divino, ou seja, não importa a crença dizer que há vida após a morte no Paraíso aos que crerem, a protagonista apenas esperava pela resposta divina no aqui-agora, esquecendo que a doutrina diz que as mesmas coisas acontecem aos crentes e aos descrentes, sendo o diferencial o destino de cada um no além, não tanto no agora." .
Recentemente fiz um comentário no grupo de leituras de distopias no WhatsApp acerca da visão da religião da Semente da terra, abordada neste livro, que acho pertinente.
Eis o texto: "Pra mim a questão de Deus no livro é bastante clichê: "se Deus é bom não pode haver tristeza para mim, nem dores, nem nada ruim. Mas como tô passando tudo isso ou Deus não existe ou Deus precisa ser repensado"
E é isso que a protagonista faz... Criou um Deus que a deixava confortável com sua ideologia espiritual, amoldando-o àquilo que ela entendia que Deus deveria ser, e seguiu isso.
O problema desse raciocínio é achar que se Deus não for o Papai Noel super perdoador e se Ele deixar a gente se ferrar um pouco, então Ele é menos-Deus, porque não cabe à protagonista a ideia não-instantânea de socorro divino, ou seja, não importa a crença dizer que há vida após a morte no Paraíso aos que crerem, a protagonista apenas esperava pela resposta divina no aqui-agora, esquecendo que a doutrina diz que as mesmas coisas acontecem aos crentes e aos descrentes, sendo o diferencial o destino de cada um no além, não tanto no agora." .
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