[RESENHA] MEU PEQUENO PAÍS

Meu pequeno país, de Gaël Faye

188 p., Editora Rádio Londres
Goodreades: 4,24; Skoob: 4,5
Leitura: de 17/10/2019 a 01/11/2019


O livro retrata a visão de um menino, filho de pai francês e mãe ruandesa, sobre a guerra civil em Ruanda, mostrando os conflitos que passava por ser mestiço e ter uma condição de vida melhor do que a maioria de seus parentes e dos nacionais, além de não entender o motivo de o simples pertencimento a uma etnia tutsi ou hutu desencadear um "insuportamento" a tal ponto de se converter em genocídio.

Sub-repticiamente é um livro de formação, porém não é focado apenas na percepção do protagonista, Gabriel, mas também no ambiente político ao seu redor, o que pode ser visto nos diálogos entre os empregados de seu pai, com posicionamentos políticos antagônicos, bem como no nacionalismo de seus primos e de sua mãe e na visão de que os colonizadores/estrangeiros seriam um estorvo ao novo establishment. 

A narrativa é bem construída, fluida, realista sem deixar de ser sonora (poética) e muito embora fale sobre uma revolta sangrenta (o genocídio em Ruanda, na década de 1990), não é nada vulgar ou sensacionalista, porque não deixa de ser a percepção de um menino sobre tudo isso, mostrando como esse conflito mudou a sua vida e a de seus amigos de forma irreversível e evidencia que muitos sonhos podem, e devem, ser mantidos quando diante de um grande rebuliço social, ao passo que deixa claro que outros jamais se tornarão realidade, sem ser melodramático.

O autor, em entrevistas, narra ter se baseado em parte de suas experiências pessoais para a composição do livro, mas isso não o torna uma autobiografia, ao mesmo tempo que instiga a curiosidade.

Resumindo: é uma outra ótica sobre a influência de conflitos sobre a vida das pessoas que eu não me lembro de ter sido explorado anteriormente. Recomendo a leitura.

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